12 abril 2007

O desenvolvimento estético não começa em nenhuma idade determinada. Quando os objectos ou as formas são vistas em harmoniosa relação mútua, e verificamos a existência da integração de pensamento, sentimento e percepção, teremos desenvolvido uma consciência estética, de modo consciente ou inconsciente.
Lowenfeld-Brittain, in "O Desenvolvimento da Capacidade Criadora", pág.214.

5 comentários:

joaosaomiguel disse...

ontem, vi um pequeno cubo cor-de-rosa, que insistia em atravessar de um lado para o outro, a parede, opaca e sólida, deste compartimento, baço, em que me lançaram neste planeta, de imponderabilidades, onde me fizeram nascer, aprisionando-me... hoje o pequeno cubo cor-de-rosa insistia na dança, desafiador do meu humor, não estive com meias medidas, agarrei-o, com cuidado para se não partir, cheguei-o perto da boca, toquei-lhe com a língua, salivei um pouco... soube-me a doce... imagino que fosse apenas um torrão de açúcar brincalhão, neste planeta de imponderáveis, quase tudo é possível... só eu é que não passei a atravessar, travessamente as paredes do compartimento baço onde me encontro... já agora... uma questãozita que me incomoda e a susaninha talvez me saiba responder: se quem tem problemas de leitura apresenta uma dislexia, quem tem problemas de escrita, apresenta uma disgrafia, quem tem problemas de cálculo, apresenta uma discalculia, quem tem problemas de arte, apresenta uma distecnia (ou, disartistia)? e o que será mais grave, verdadeiramente para a criança que se quer em desenvolvimento, independentemente de se estar, ou não numa sociedade de consumo imediato?
bjkas

susana disse...

Pois é João...estou como tu...a nossa sociedade está bastante afastada de certos valores estéticos e artísticos, que a meu ver são imprescindiveis ao desenvolvimento harmonioso das crianças. Fala-se num acentuar das temáticas artisticas nas escolas, mas creio que estamos ainda muito distantes daquilo que eu sonhei (ou sonhámos?). Cada vez mais se devia acreditar nos valores que a arte transmite, na ajuda preciosa que esta podia ter na vida de todos nós. Se assim não fosse, para que serve de facto os arte-terapeutas? E porque é que quando uma criança vai a um psicólogo ou pedopsiquiatra, e se bloqueia o som da sua voz, este pede para a criança desenhar? Se a arte não tem valor, então nada tem!!! As minhas dúvidas são as tuas, e provavelmente as de muitas pessoas. A arte é realmente terapêutica, pois ajuda as crianças (e restantes faixas etárias) a libertarem-se e a expressarem-se de forma mais livre, promovendo a sua auto-estima e o seu auto-conceito. Para além disto funciona muitas vezes como uma forma de catarse, e isto diz tudo! Se consegues expelir e compreender os teus medos e angústias, vais ser de certeza mais feliz. Então para mim, a arte é mediadora em tudo o que eu faço. Obrigado pelo teu comentário, fico feliz em saber que posso contar com o apoio dos meus novos colegas (amigos) de mestrado. Até breve.

Anónimo disse...

Também estudei Lowenfeld na faculdade, e é de facto um autor que me fascina muitíssimo. Parabéns pela escolha!

Anónimo disse...

Ao "passear" pelo teu Blog lembrei-me de um momento delicioso quando há alguns anos visitei o Vaticano. Na "longa" caminhada até à Capela Sistina, é o Palácio Apostólico riquissimo em momentos históricos revistidos de arte que o turista mais distraido deixa passar... Mas nessa manhã estava uma jovem mãe (cerca de 30 e poucos anos), italiana, com o seu pequenote de cerca de 5/6 anos a fazerem a sua visita. Ao contrário de todos os outros, que pareciam que corriam para ver quem chegava em primeiro lugar à meta, esta senhora, e pelo muito pouco tempo que a consegui acompanhar (porque eu era dos outros) perante cada quadro, cada fresco, casa peça esculpida ela parava e explicava ao seu pequenote quem era o artista, o que o queria transmitir com aquela imagem, quem eram as figuras e o que representavam. E ele lá estava todo interessado e atento. Estava de certeza a ter aulas da sua disciplina favorita: história de arte....
Provavelmente esta senhora sabe da importância que a arte tem no desenvolvimento de uma criança; e, muito provavelmente ela também sabe que se não forem os pais ou pessoas próximas a estimular esse interesse não será a sociedade que o vai fazer: a riqueza de ser artista não deve de entrar nas contas do PIB; e além do mais desfruta daquele que deve ser o maior dos prazeres: ser mãe.
Bom, mas esquece lá isto..
Acho este teu blog,além de interessante pela temática, desafiador... o poder criativo pode e deve ser uma arma de desenvolvimento das sociedades modernas, logo deve de ser estimulado e nada melhor que começar o quanto antes.

Parabéns pela ideia. Muito sucesso para o teu trabalho e mete os putos a pintar paredes SFF!!!!

Bjos

susana disse...

Por acaso um dos locais que eu mais anseio conhecer é o Vaticano. Deve ter uma parte histórica riquíssima. Concordo plenamente contigo, quando dizes que a nossa criatividade pode ser uma "arma" na sociedade em que estamos inseridos. É pena, que as áreas artísticas continuem (a meu ver) num currículo ainda subalterno. Não estão ainda suficientemente estimuladas nem exploradas. Muito mais há a fazer, por enquanto vou sonhando...Obrigado pelo teu comentário ao meu blog.